quinta-feira, 24 de março de 2011

TRAÇOS DE UM APOCALIPSE


À luz da Bíblia, as informações sobre catástrofes que matam pessoas devem gerar em nós sentimentos e atitudes. Não temos como ficar indiferentes diante de histórias tão tristes, ouvindo relatos dramáticos ou vendo cenas de destruição. Nós nos sentimos pequenos, mas precisamos ir além. Precisamos pensar e amar, agindo. Entre tantos pensamentos que afloram, quero sugerir alguns, depois de ler Romanos 8.31-38: Que diremos, pois, a vista dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou portados nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas? Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito:”Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido.de que nem morte nem vida, nem anjos nem demónios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar.do amor de Deus que está em Cristo Jesus.


Precisamos ir além das repetições sobre Deus. A Bíblia nos fala de um Deus onipotente, onipresente e benevolente. No entanto, quando centenas de vidas vão Junto com as águas, desfila diante de nós um Deus impotente, ausente e indiferente. As tragédias confirmam o ateísmo dos ateus e agnósticos. Ao mesmo tempo, as tragédias são um desafio aos crentes em Deus. O primeiro desafio é teológico: como confiar em Deus como Senhor, se a natureza parece ter leis próprias e irremoviveis. Mais existencialmente, a questão é: como crer num Deus que intervém se, neste caso, parece, ele tem interveio? O segundo desafio é kerigmático: como falar de Deus, se a natureza parece senhora, com suas leis surdas e cegas? Temos que responder nossas perguntas (como: por que Deus não interveio, evitando as mortes?) e as perguntas dos outros (como: Deus é impotente?) Esta é uma hora para revisarmos nossos conceitos teológicos, muito repetidos, repetidos, repetidos. O que aprendemos sobre Deus é essencial, mas o que aprendemos precisa se tornar nosso, para que nos ajude na hora da tragédia. No contexto das tragédias naturais, muitos preferem simplificar, atribuindo as mortes à vontade de Deus, O fatalismo não é uma ideia que venha da Bíblia. O Deus revelado na Bíblia não nos pede para que aceitemos as coisas ruins da vida. A Bíblia, no entanto, nos lembra que coisas ruins acontecem a todos, sejam pessoas boas, sejam pessoas ruins. A existência de acontecimentos dolorosos deve ser vista como uma realidade, às vezes, inevitável, o que é muito diferente do conformismo! O acontecimento ruim é um acontecimento ruim. Não é para ser aceito como bom. A Bíblia nos capacita a ter urna atitude, diante de acontecimentos trágicos, que não é o conformismo, mas o realismo: que faremos diante dos fatos avassaladores? Deixarmo-nos derrotar ou ser mais que vencedores? Um conceito sobre Deus apenas repetido não nos serve quando até é efetivamente necessário, A teologia de Jó, por exemplo, ruiu quando os pilares da sua vida (a saúde e a riqueza) ruíram. No meto do redemoinho, a teologia de Jó deixou de ser uma repetição, para ser uma convicção baseada na razão e na experiência, o que o levou a confessar: ‘Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram” (Jó 42.5). Precisamos reafirmar nossa crença na soberania de Deus, mesmo tremendo diante da avalanche de terra sobre as vidas. Deus intervém – esta é uma afirmativa de fé -, embora não saibamos porque não interveio nesse tão necessário momento. Na verdade, sabemos mais quando Ele não intervém e menos quando ele intervém. Quantos morreram porque Deus não interveio? Quantos não morreram porque Deus interveio? Está é uma hora para exercitarmos nossa humildade, reconhecendo corajosamente que não temos todas as respostas. A grande descoberta de Jó, diferentemente dos seus amigos que não descobriram nada, foi que o seu sofrimento não teve causa. Aconteceu. Tendo acontecido, como deveria agir – eis a verdadeira questão. Esta é uma hora para fortalecermos a nossa fé, rogando a Deus que nos dê a capacidade de confiar que nem a morte nos separa do seu amor.

Mas o duro golpe mesmo,é ter que ouvir cristãos,que mais parecem papagaios apocalípticos dizendo: "ééé,os Iluminati ja diziam,Nostradamus previu,os Maias tinham razão".
O que é isso? a Bíblia não revela mais nada? ficou obsoleta diante dos conceitos pós modernos sobre o "fim do mundo"?
Quanta falta de profundidade! onde estão os corajosos? sim,porque hoje em dia precisamos até de corajem para dizer:"A BÍBLIA TINHA RAZÃO".

MARANATA!!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

ATÉ QUE PONTO SOMOS TRANSPARENTES?



As vezes, fico me perguntando porque é tão difícil ser transparente. Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros. Mas ser transparente é muito mais do que isso. É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente…
Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair às máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar…
Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde! Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana. Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser…
Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas à simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo! Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção…
E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos… Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado…
Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar… doçura, compaixão… a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos… daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos!
Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: “você está me machucando… pode parar, por favor?”. Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro. Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor…
Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura! Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não atanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível… Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto. Que consigamos docemente viver… sentir, amar..
E que sejamos não só razão, mas também coração, não só um escudo mas também sentimento. Sejamos transparentes, apesar de todo o risco que isso possa significar…

domingo, 6 de março de 2011

SEJAMOS PESSOAS MELHORES,COM CARÁTER TRANSFORMADO!


Quando paramos para meditar na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, em seu ministério,suas mensagens, em suas parábolas, enfim, em tudo aquilo que Ele nos deixou como legado profundo, somos levados aos seguintes questionamentos: qual é o sentido de minha caminhada espiritual? Será que estou na direção certa? Onde tudo isso vai dar? Valeu a pena deixar para trás tantos prazeres, tantos momentos satisfatórios, lugares, pessoas, emoções e aventuras? Bem, eu só estou falando de questionamentos que sobrevêm a minha alma. Se tais questionamentos não acontecem dentro de você, ok, tudo bem! Falo por mim mesmo.
De repente você me responde: “ Aleluia, Jesus me salvou! Estou no caminho certo! Ou então outros mais poderão dizer:” A minha vida estava pedida, eu era um drogado, um viciado, um desgraçado e Jesus me libertou!” E aí você começa a trilhar o caminho. A questão está no caminho. No caminho muitas coisas acontecem, no caminho os processos e as variantes se mutabilizam, no caminho somos desafiados a sermos melhores, ou então nos tornaremos fatalmente piores; Isso mesmo, com Jesus, mas piores. Isto pode parecer um paradoxo, uma incoerência, mas é assim que acontecem com muitos; muitos que um dia eram pessoas maravilhosas e hoje, em nome da “fé cristã” tornaram-se tiranos, cruéis, sem misericórdia, sem afeto para com as pessoas. Sim, meus amados, em nome de Jesus a gente oprime as pessoas porque queremos que elas pensem como nós, ajam como nós, cantem como nós e falem como nós. Em nome do Evangelho o inferno se tornou palavra de prioridade em detrimento da graça e do amor de Deus. Em nome de Jesus a gente constrói a inquisição de forma velada, no coração, e mandamos pra fogueira das nossas consciências os hereges e todos aqueles que são diferentes de nós. Em nome de Jesus a gente vai perdendo os amigos, a gente vai se afastando ( afinal precisamos ser santos, não é verdade?), a gente vai secando em nossas emoções e não temos mais condições de ver a beleza da vida, cantada, poetizada e vivida, seja por quem for.
A pergunta que eu faço a mim mesmo é a seguinte: o Evangelho me tornou em quê? Numa pessoa melhor ou pior?
Deus abençoe á todos!

sexta-feira, 4 de março de 2011

SALVA-NOS SENHOR !


Estou cansado. Imensamente cansado.
Cansado do homem. Sim, cansado do ser humano. Cansado de vaidades, chocarrices, futilidades; cansado de egoísmos, de "vampirismos"; cansado do ego humano, em especial do ego evangélico, dos donos da verdade, dos lobos disfarçados de cordeiros; cansado dos muitos que se dizem cristãos, e que usam a Bíblia com maior ou menor eficiência para adorar o próprio ventre; cansado dos "heréticos" e dos "apologetas"; cansado dos "fariseus", "nazireus", "profetas" e "extravagantes"; cansado dos hipócritas, que pregam a mentira como se fosse verdade — e também dos que pregam a verdade que não vivem, e são para si mesmos mentira. Cansado dessa raça humana, falida, da qual eu faço parte. E, portanto, cansado também de mim mesmo.

Este é um desabafo, sim. Desabafo necessário e perfeitamente aceitável, já que nem o maior de todos os Homens se negou esse direito:

"E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui." (Mateus 17:17)

Ainda mais considerando que nem mesmo Deus está isento disso:

"De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembléias … não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento solene! As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva." (Isaías 1:11-17)

Ah, quem dera o homem fosse como aquele Homem chamado JESUS. Quem dera a iniqüidade e o ajuntamento solene nos causassem a mesma reação! Quem dera lutássemos contra a iniqüidade, não sendo injustos e preconceituosos, mas usando de justiça! Quem dera combatêssemos a opressão maligna, não com uma "opressão benigna", mas quebrando a força da opressão nas mentes e corações dos oprimidos, para que, oprimidos ou não na sua carne, no espírito fossem sempre livres! Quem nos dera fazer justiça ao órfão e à viúva, ao invés de roubar-lhes as casas em nome do evangelho! Quem dera nos mantermos incontaminados do mundo, ao invés de sermos tão malignos quanto ele o é; ou até mais malignos, por nos acharmos melhores que ele!

Ah, quem me dera ver mais pessoas como Jesus foi. Ah, quem me dera ser como Ele foi! Quem me dera dizer tantas coisas, e fazer tantas coisas, às vezes aparentemente tão incongruentes, mas que se encontravam e harmonizavam no ser — muito mais do que no falar ou no fazer. "Eu sou", disse Ele. Ele é. E porque é, é que Ele era e há de vir; porque é, Ele harmoniza em si a justiça e a misericórdia, a derrota e a vitória, a fraqueza e a força, o homem e Deus; Cristo é um rasgo de luz na história negra da humanidade.

Não somos tão "iluminados" quanto pensamos, enquanto nossa vida não refletir a luz dEle. Podemos até ser sacerdotes e levitas, mas não seremos como o samaritano enquanto não nos reconhecermos no homem ferido, à beira da estrada; enquanto não nos cansarmos de nós mesmos, enquanto não abrirmos mão de nós em nome daquEle que é, não amaremos ao próximo.

Chega do evangelho intelectual, que jamais transcende a fronteira do saber para o ser. Chega do evangelho pragmático, experimental, que não se molda no modelo de Cristo, ou do que dEle se revela nas Escrituras. Chega do evangelho que mata e transgride em nome de Deus, que ofende a criação e o Criador em nome da "verdade" que diz defender; chega da pretensão humana em achar-se melhor que a pura simplicidade da pessoa de Cristo.

Estou cansado, sim. E como estou. Mas quanto mais cansado estou, mais ouço o chamado deste que, mesmo cansado de nós, ainda assim se deu por nós; que, mesmo cansado de nós, se despiu de sua glória, para experimentar o pior que a humanidade tinha a oferecer - e que, mesmo à vista de tudo isso, ainda foi capaz de dizer:

"Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve." (Mateus 11:28-30)