segunda-feira, 7 de março de 2011

ATÉ QUE PONTO SOMOS TRANSPARENTES?



As vezes, fico me perguntando porque é tão difícil ser transparente. Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros. Mas ser transparente é muito mais do que isso. É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente…
Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair às máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar…
Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde! Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana. Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser…
Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas à simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo! Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção…
E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos… Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado…
Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar… doçura, compaixão… a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos… daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos!
Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: “você está me machucando… pode parar, por favor?”. Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro. Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor…
Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura! Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não atanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível… Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto. Que consigamos docemente viver… sentir, amar..
E que sejamos não só razão, mas também coração, não só um escudo mas também sentimento. Sejamos transparentes, apesar de todo o risco que isso possa significar…

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